Antes da leitura deste artigo onde é falado das aplicações do logotipo, indico uma olhada no post onde é apresentado o projeto.
Aloha!
Em outubro de 2009 o LOGOBR postou sobre o redesign da rede Carrefour. E agora, com exclusividade no Brasil, vamos mostrar algumas imagens do manual de marcas do novo projeto (se você não conhece o projeto, leia o primeiro artigo para se situar melhor).
Esse é o manual que provavelmente será usado no mundo todo para a padronização e aplicação do novo projeto. Não somente sobre aplicação do logotipo, esse manual fala até no tom de voz que a comunicação do Carrefour deve ter. Logo, é um manual para redatores também.
O Carrefour transformou seu logo numa família com três versões especiais, onde é mudado dependendo a aplicação na comunicação da companhia. A versão “banner” é usado somente para lojas físicas; a versão “corporate” é para comunicações do Grupo Carrefour (holding) e, finalmente, a versão”graduated” (gradientes) é para embalagens e todos os tipos de comunicação, nas lojas ou não.
Como comentado, essa versão com o azul e vermelho tradicionais é para apenas fachadas de lojas físicas.
Essa é a versão corporativa do logo. Servirá para comunicações que sejam da Grupo Carrefour.
O Carrefour criou diferentes sets coloridos do seu logo para uso em todas suas comunicações (com exceção do que já foi comentado). Nessa versão (gradiente) existem dois usos diferentes: a separada e ainset. Para permitir a Companhia usar o símbolo de forma expressiva e integrada ao imaginário, o Carrefour separou ele do lettering na maioria das comunicações. Isso, segundo o manual, é para que o símbolo possa refletir o espírito da empresa, o espírito daquela comunicação em si, enquanto o lettering posicionado em outra parte da peça comunica a confiança que o consumidor pode ter na marca.
A versão inset usa o lettering dentro do símbolo. É para uso em ocasiões especiais onde o logo é principal foco da comunicação, como por exemplo, em veículo e sacolas.
O Carrefour criou uma gama de versões coloridas do seu logo. Segundo o manual, essa diversidade serve para manter a marca com um sentimento vibrante e acolhedor e dá a Companhia a variedade que ela precisa para fazer com que sua comunicação seja relevante. Vamos comentar sobre cada uma dessas paletas e seus usos:
Essa é a paleta bold, que foi feita para uso na maioria das embalagens, catálogos e comunicações com o consumidor. Foi elaboradas 12 versões que representam todo o espectro de cores. O uso dessas versões é aberto, ou seja, depende do design onde será aplicado o logo. Essa paleta pode ser usada em backgrounds de cores sólidas, branco e imagens.
Para dar suporte a paleta bold foi criada a versão light com as mesmas 12 versões mas numa versão suavizada. O uso dessa paleta é para o mesmo tipo de comunicação da bold mas com menos frenquência: somente onde sutis diferenças na comunicação são necessárias (por exemplo, em embalagens de cosméticos). Uso somente em backgrounds brancos e de imagens.
Para dar ainda mais suporte para a paleta bold, foi desenvolvida a paleta muted. Ela consiste em 12 versões, 6 escuras e 6 claras, para o uso no mesmo tipo de comunicação da bold, mas somente onde tais tons sejam necessários (por exemplo: embalagens de equipamentos eletroeletrônicos). Uso somente em backgrounds brancos e de imagens, igual a light.
Temos também a paleta contrasting, desenvolvida para comunicações onde o logo é o “herói” ou o principal elemento do design. Mais uma vez, uso somente em backgrounds brancos e de imagens.
Apesar de preferirem o uso do logo nas versões coloridas sempre que possível, o Carrefour fez uma versão dele em branco para o uso em cima de certo tipo de imagens onde o logo em cores não tenha constraste suficiente.
A maioria dos comentários que podemos ver no artigo onde foi apresentado o novo projeto do Carrefour é que as versões em gradiente do logo teriam problemas em alguns tipos de aplicações. Parece que pensaram nisso. Acima podemos ver um exemplo de uso especial do logo, onde a reprodução dos gradientes (por quadricromia) não seja possível: pontos de cores sólidas que simulam o efeito gradiente. O manual também é bem claro quando fala que essa versão não é pra ser usada com alternativa na criação de peças e sim somente em situações onde as técnicas necessárias para a reprodução dos logos coloridos não esteja disponível. Também podemos ver as clássicas versões em preto e negativada.
O Carrefour adotou três fontes para o uso em diferentes situações. E a fonte primária é a Omnes. Segundo o manual, o tipo dá a comunicação a Empresa um ar amistoso e humano o que posiciona a marca de forma mais próxima e relevante na mente dos consumidores. Ela será usada para títulos de anúncios, nomes de produtos em embalagens e promoções dentro das lojas.
A Omnes é um projeto não-exclusivo da foundry DardenStudio, baseada no Brooklyn, Nova York, em conjunto com o typedesigner Christian Schwartz e foi concebida originalmente para um projeto de marca da Landor.
Acima a primeira página do specimen da fonte. Quer ver mais do documento? Só clicar na imagem.
A fonte secundária é a Gotham Narrow. Usada para complementar a Omnes, suas principais aplicações são em textos corridos, informações detalhadas e em espaços limitados. Revistas, relatórios anuais e informações no verso de embalagens também usam a Gotham Narrow.
E como fonte padrão para tela, Arial. Bacana que o manual é bem claro quando fala que a Arial não é pra ser usada em nenhuma comunicação profissional.
Aplicações na divisão brasileira
O projeto de redesign mundial do Carrefour já começou a ser aplicado no Brasil. Já tem comercial na televisão com o novo logo e os sites da empresa estão sendo atualizados como também suas outras marcas. Aqui são os logos das divisões do Carrefour em nova versão:
Podemos perceber que, mesmo o manual não comentando nada sobre marcas regionais do grupo, a lógica que foi aplicada a versão corporate foi reproduzida: manter o azul original e aplicar nova cor no lugar do vermelho.
Já que comentamos sobre a versão corporate, aqui temos o exemplo dela usada no site do Grupo Carrefour Brasil:
Particularmente, gostei dessa solução para o logo da holding por um detalhe: a padronização. Algo que não acontece, por exemplo, no Grupo Pão de Açúcar (que era assim e depois ficou assim).
Talvez alguém diga “mas uma holding não precisa ter algo a ver com suas marcas, veja a Unilever,Procter & Gamble, KraftFoods e etc”. Concordo. Mas nesse caso a holding tem o mesmo nome de sua principal marca e se tal movimento está alinhado com a estratégia de branding da companhia (unidade entre as marcas), porque não?
Sobre o manual e o projeto visto de seu prisma
Em outubro, quando falamos sobre esse projeto, o que nos deixou com a pulga atrás da orelha foram exatamente as versões multicoloridas do logo. Não sabíamos suas aplicações e suas razões, tampouco se tinham alguma razão de existência ou se eram apenas um charmezinho da Companhia, tanto que lá comentamos “vamos esperar”.
Bem, o Carrefour me surpreendeu. Digo isso pois, até semana retrasada (quando esse manual chegou pra mim) eu não tinha a menor ideia da função que esses gradientes iriam exercer na comunicação visual da empresa. E, graças aos deuses do Design, o Carrefour fez o que achou mais pertinente ao seu posicionamento (alegria, positividade, sorrisos, aconchego e etc.) mas sem esquecer que no design “tudo deve ter sua função” (pelo menos deveria). Se vai ficar legal ou não no visual é outra história, e ainda uma história bem subjetiva. Porém, o manual nos esclarece muito sobre o sistema visual.
Mesmo sendo um ótimo manual, contudo, não poderia deixar de comentar algo quer vi nele: em alguns momentos, ele não é claro nas aplicações.
Nas paletas light e muted e na versão inset do logo acredito que o manual não foi explícito no uso (e não uso). Essa falta de precisão pode causar distorções nas aplicações. Um manual deve ser muito claro quando o assunto é o uso de uma marca, de uma identidade visual (essa é sua razão de ser). Ainda mais num projeto tão vasto como esse e que, ao que tudo indica, feito com tanto cuidado. Um leve deslize que, com certeza, será consertado na próxima versão do manual.
O que tem a mais no manual
Além desses tópicos que comentamos, o manual ainda fala de outras regras no uso do logo e na padronização do posicionamento (não irei comentar tudo aqui se não vamos longe nesse artigo):
– Backgrounds e como usa-los
– Posicionamento do logo nas peças
– Estilo de imagens usadas
– Tom de voz nos textos
– Aplicações de fachadas
E por ai vai. É um manual sensacional que todos deveriam estudar, não apenas para entender o redesign do Carrefour mas também para aprender sobre como projetar uma identidade visual (não só o logotipo) e como o design pode (e deve) ser feito com exatidão e minuciosidade.
E vocês, o que acham disso tudo? Manual, projeto, design?
E antes que vocês fechem a tela, aqui está o link para o manual completo. Nele tem um erro na numeração das páginas, mas é só isso. O manual é completo.
PS: perdão por não colocar para download pessoal. Não tenho tal autorização. Mas ele estará sempre nesse link tá legal. 😉