McDonald’s, crianças e branding

Por Daniel Campos

25 de maio de 2011

Compartilhe esse post

Aloha!

Na sexta-feira acabei iniciando uma conversa muito agradável pelo Facebook por conta de um link que postei. A conversa (entre eu e mais três amigos) foi tão bacana que resolvi trazer pra cá.

A história

O McDonald’s vende produtos que são riquíssimos em gorduras, sódio, açúcares e outras elementos não tão bacanas para a saúde. Até ai, tudo bem. Cada um consome o que quer e se não é enganado sobre o que o produto é realmente não há problema nenhum. Contudo, o McDonald’s é muito criticado por ter uma comunicação voltada para crianças, com comerciais durante programas infantis, vinculação da imagem de seus produtos com personagens que as crianças gostam e pelos brinquedos como “brinde” para os pequenos.

Nos últimos anos cresceu o numero de organizações que condenam tais ações. Mas, nessas últimas semanas, o coro dos “conta-junkfood” foi endossado por médicos que, através do site Letter To McDonald’s, pedem para que a marca de sanduiches aposente seu famoso personagem Ronald McDonald e todo seu marketing para crianças. A ação reverberou em diversos jornais importantes dos EUA, como o Chicago Tribune, LA Times e The Wall Street Journal.

O McDonald’s rechaçou tudo isso em nota oficial (que infelizmente não consegui encontrar na íntegra). Mas no trecho citado no Meio&Mensagem fica muito clara a posição/visão da empresa a respeito disso:

Como rosto da Ronald McDonald House Charities [organização da empresa que busca promover a saúde infantil], Ronald é um embaixador a serviço do bem, que dá mensagens importantes às crianças sobre segurança, alfabetização e um estilo de vida ativo e equilibrado.

Comentário

Meu questionamento no Facebook ao compartilhar essa matéria foi o seguinte: será que marcas com comportamentos tão altivos, prepotentes e mentirosos como esse ainda têm lugar no mundo?

Não acredito em marcas que usam de publicidade mentirosa tem um bom futuro. As marcas hoje tem um papel muito maior do que apenas fornecer produtos. Precisam se preocupar com questões além dessas. Investir em ações, produtos e experiências que fossem realmente benéficas a seus consumidores seria muito mais útil do que pegar esse dinheiro e gastar para dizer “Ronald é um embaixador a serviço do bem. Ele é o logotipo de uma charity.” Todo mundo, com o mínimo de informação, sabe que isso é uma grande bobagem, um engana que eu gosto. Marcas precisam entender que elas não são o que elas mesmas dizem ser, elas são o que as pessoas dizem que são.

É claro que o McDonald’s vai lutar com unhas e dentes pelo Ronald, simplesmente porque ele e seus amigos (+ os brinquedos) formam os futuros adultos consumidores. E, em outras palavras, que se dane as gorduras, sódios e açúcares que as crianças que estão aprendendo a amar.

Marina Willer - Wolff Olins

Hoje as pessoas não acreditam no que você diz, mas no que você faz.

Será que ainda temos lugar para marcas que apenas querem lucro, sem se preocupar com seu impacto na vida das pessoas, ou mesmo sobre o que elas pensam sobre isso?