Obamização das eleições 2010

Por Daniel Campos

27 de abril de 2011

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PS #1: antes de qualquer coisa, quero deixar claro que esse post não tem qualquer caráter político. Minha única intenção é comentar e discutir com vocês o design gráfico. APENAS ISSO.

PS #2: por um motivo que falo depois das imagens, eu havia desanimado de publicar esse artigo. Mas foram muitas cobranças, principalmente do @nathankinapp. E por total respeito a vocês e a minha promessa, trago o post ao ar. Mesmo que tardiamente, espero que gostem!

Aloha!

Em agosto de 2010, comecei a fazer uma coleta, com a ajuda do pessoal no Twitter, sobre o design gráfico feito durante a campanha eleitoral. Motivo e tema: obamização. Logotipos, símbolos, tipografia, sites, ilustrações e até slogans. Isso poderia ser uma ótima notícia para o design eleitoral brasileiro, vide o excelente trabalho que Sol Sender e a Mo/De, sob direção de Scott Thomas, fizeram para Obama. Poderia. O que vimos foram cópias descaradas, inspirações mal traduzidas, praticamente um show de horrores. E o pior: falta de identidade aos candidatos.

PS: haviam mais imagens, mas infelizmente algumas se perderam durante um trânsito de dados. Peço perdão.

Como podemos ver (e vimos durante quatro meses de 2010) a política brasileira foi atingida pela furacão da campanha de Obama. Mais que isso, foi embebedada. Logotipos circulares com horizontes, sites em azul, direção de arte em fotos, ilustrações, mais logotipos circulares.

O design gráfico deveria ser usado, no mínimo, para criar uma identidade visual às figuras públicas (e não apenas aos candidatos), mas nem isso foi feito. Exemplo: nas eleições, enquanto concorriam a novos cargos, candidatos desenharam novos sites (apesar de obamizados) até que interessantes. Com fim das eleições muitos desses não venceram, então voltaram ao seus antigos sites (alguns ruins e bagunçados). Sem contar que, na campanha tinham um logotipo e cores específicas. Depois com o fim, não se vê nada além de seus antigos sites com seus nomes escritos em Arial ou Times New Roman.

Enquanto isso, Obama mantém seu logotipo desde o fim de 2007 e vai usá-lo nas campanha de 2012. Uma verdadeira marca, que não deixa a desejar se comparada a qualquer empresa/produto/serviço.

Sem roupa própria

Um candidato deve ter uma identidade (e aí inclui-se a identidade visual) para ser identificado pelos eleitores. Para isso, a equipe de design lança mão de diversos elementos: cores, formas, tipografia, direção de fotografia e etc. Baseado nisso, vem meu questionamento: como candidatos que queiram conquistar novos eleitores se sujeitam a uma identidade que não é deles? Muito pior, se sujeitam a falta de identidade? Um exemplo foi um dos candidatos que tinha um logotipo no primeiro turno e, no segundo, mudou radicalmente e até adicionou um símbolo.

Claro, falar que somente logotipos, cores, tipografia, patterns e etc. fazem a identidade de um político é besteira. Isso é o que chamamos de Identidade Visual (manifestação gráfica de uma marca), e é uma parcela do que deve ser construido em torno de uma marca para que essa seja reconhecida, admirada, desejada, querida e, nesse caso, eleita. Mas antes tivesse sido esse o problema.