Logo Copa 2014: design e negócios

Por Daniel Campos

19 de agosto de 2010

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Aloha!

É um dos momentos mais emocionantes para mim, para a África e para o Brasil. LINK

Com essas palavras Nizan Guanaes classifica o dia 08 de julho de 2010, quando foi lançado oficialmente o logotipo da Copa do Mundo FIFA 2014. De fato! Pra mim também seria o dia mais emocionante se minha agência fizesse o logotipo de uma Copa. Grana, prestígio, mídia, mídia e mais mídia, mais clientes, entrar para história. Eu ficaria bem feliz mesmo.

Nizan fundou o Grupo ABC, um dos 20 maiores grupos de publicidade do mundo. Mas, voltamos a falar sobre Nizan e suas empresas na parte 2 do artigo. Vamos ao logotipo, sua forma, aplicações, protestos, outros projetos da mesma linha e etc.

PARTE 1: O DESIGN
Forma

Agora que é oficial, podemos comentar e discutir o logotipo sob a luz do design e seus paradigmas.

“É uma porcaria”, diz Wollner em entrevista para o Terra Magazine sobre o logotipo. E não posso deixar de concordar. A idéia (por si mesma) até que é interessante pois, todos os jogadores de futebol do mundo sonham em levantar a Taça FIFA. É uma idéia bacana e não havia sido muito explorada ainda (somente o logo da Copa de 2002 que usa a taça como tema. Em 1966 e 1978 existem menções a ela. Contudo, uma boa idéia com execução pobre fica apenas nisso, numa boa idéia. E, a meu ver, é o que acontece com esse logotipo. Simples assim. E não digo isso sob o prisma da estética, essa que se forma nos olhos de quem vê, mas sob o prisma do desenho.

Compartilho muito da visão da prof. Priscila Farias, da FAU-USP:

A ideia de utilizar formas que lembram mãos não é ruim, mas as formas estão terrivelmente mal resolvidas, e isso faz com que a figura, como um todo, pareça fraca, transmitindo a sensação de um desenho improvisado e pouco profissional, um tanto infantil e ingênuo, ao mesmo tempo sem a graça de um desenho de criança, ou a espontaneidade de algo genuinamente naif. Link

Para muitos não lembra uma taça mas sim alguém com a mão no rosto, com vergonha; outros veem mãos que seguram uma bola, essa, definitivamente, uma impressão que vai contra a regra mais básica do esporte que está representando. Um logotipo ao ser projetado deve ser visto sob todos os ângulos possíveis e ser levado em consideração qualquer interpretação do desenho. Claro que isso não significa que por uma ou outra o projeto não vá funcionar, mas deve-se ter lucidez disso, até para não passar vergonha na hora da apresentação ao cliente. Sabe aquela história de pegar o print do logo em diversos tamanhos, colar na parede e ficar observando por um tempo? Então… mas isso queridos é “mania desnecesária de designers”. Falando ainda sobre tamanhos, talvez o trabalho tenha sérios problemas em tamanhos diminutos. Veja:

E já, desde o começo, podemos ver problemas de reprodução. A Coca-Cola lançou uma latinha especial em comemoração a Copa por aqui. Olha que maravilha que o logotipo ficou:

Foto: José Roitberg

Blog Coca-Cola Conversation

Foi usado uma versão com um “sombreado branco” + outline no 2014. Mas com certeza tal aplicação foi prevista no Manual de Marca… certo? Aliás, alguém ouviu falar em manual? Quem precisa disso!

E antes que digam que pode existir limitação na reprodução em latinhas, pergunto: não é tarefa do designer (gente, DESIGNER!) levantar essas informações e projetar um logotipo que funcione em tais meios ou mesmo aplicações dignas?

E não só isso. Cores, proporções, aqueles ® e ©…

Mas o que mais se perde é a tipografia. Com certeza o que tem de mais problemático nesse logo. Não existe, a meu ver, qualquer tratamento tipográfico no BrASil e muito menos no 2014. Vou arriscar dizer que não houve a menor preocupação com a tipografia, pois um typedesigner ou mesmo designer que preze por seu trabalho jamais usaria uma mistura de caixa-alta com caixa-baixa no nome do país com um L(éle) que não se sabe se é maiúsculo ou minúsculo, sem qualquer critério aparente.

Claro, hoje tudo é possível e todas as possibilidades são válidas, mas num evento desse porte, dessa importância, num job que, talvez, só se tem a oportunidade de fazer uma vez na vida, ter um (não menos que) excelente projeto tipográfico exclusivo é quase um dever. Qual o problema de se procurar a comunidade brasileira de typedesigners para tocar essa parte tão importante do projeto? Como sempre digo, temos tanta gente boa por aqui que fazer isso sozinho não se justifica. E esse talento e domínio brasileiro da técnica tipográfica é de tão alto nível que já é reconhecida internacionalmente. Só um exemplo: o tipo atualmente usado na comunicação da Adidas, incluindo as camisas das seleções patrocinadas pela marca, foi feita por um brasileiro, o Yomar Augusto. Repito: não se justifica, com o tamanho do projeto e da verba. Como Wollner comenta na entrevista, “o designer deve coordenar esses tipos de projetos”. Ele, mais que ninguém, saberá da importancia de se ter uma equipe especializada, com pessoas experts a frente de pontos diversos do projeto, buscando a maior qualidade possível. Esse é o papel de uma agência: agenciar.

Outro problema são os espaços em branco, mal trabalhados. Bons projetos levam isso em consideração, como no caso do TCC da Karina Campana, que vamos ver mais abaixo.

É um trabalho para entrar para história, para virar case dissecado por estudantes, para o designer e todos os participantes mostrarem para os netos e os netos mostrarem para seus netos com orgulho. É uma oportunidade imensurávelmente incrível para o designer e toda equipe, para a agência, para a história do Design nacional. Infelizmente tenho que responder ao Prof. João de Souza Leite (em seu artigo sobre o projeto em nome da ADG): visto desse prisma, sim, foi uma oportunidade desperdiçada.

E como se não bastasse, o Rodrigo do DesignFlakes encontrou essa imagem no ShutterStock que é, no mínimo, intrigante.

“Daniel, vamos fazer um protesto, site-blog-tumblr-concurso, abaixo assinado, vaquinha, fogueira, motim, rebelião…”

Sinto em dizer isso, mas o que nos resta é somente uma coisa: olhar para esse logo por quatro anos até nos acostumarmos e ele se tornar simpático. Sim, isso irá acontecer. E não adianta querer fazer rebelião digital, “spammizar” a caixa de emails da CBF e do Ricardo Teixeira. A FIFA é uma empresa privada, a Copa do Mundo é um evento de empresas privadas (apesar do envolvimento governamental) e, como toda empresa privada, ela escolhe a agência que quiser, o projeto que quiser sem se preocupar com nada. Essa é a magia do capitalismo e de seu princípio de propriedade particular que se extende a marcas. E também é só dar uma vasculhada na web que você encontra protestos como esse feitos na Alemanha na outra Copa e na Africa do Sul para essa última. Chorando ou não, esse é o logotipo para Copa 2014 e nada irá mudar isso.

Outros projetos esportivos
Candidaturas para Copas de 2018 e 2002

Algo que não posso negar é a vocação para “não aceitação popular” que projetos como esse tem. Aconteceu o mesmo com os designs para Alemanha 2006 e Africa do Sul 2010, para as Olimpíadas de Vancouver 2010, Londres 2012 e Socchi 2014. Além disso, temos os logotipos das candidaturas para sedes das Copas de 2018 e 2022. Acredite ou não, TODOS os projetos geraram protestos em seus países. Fiz questão de pesquisar e ler sobre um por um na web (um dos motivos para a demora pra esse artigo sair). Não vou me prolongar nos comentários sobre cada um deles, pois isso estará num próximo artigo do LOGOBR (tem muita coisa para comentarmos hein!). Vejam:

Antes que alguém diga, “mas aquele ali não é o design feito pra candidatura dos EUA, ta errado”. Não não, está certíssimo. Aquele ali é sim o logo (???) da candidatura dos americanos. O que você deve estar pensando é naquele projeto colorido, com letras grandes e fundo escuro. Então, esse foi o projeto de identidade visual feito pelo humilde estúdio Pentagram. Sensacional. Mesmo com um logo ruim, o Pentagram salvou o visual da candidatura dos EUA. Para quem não viu, delicie-se:

Logo Euro 2012

Cansei de ver diversos blogs sobre design brasileiros noticiando que esse projeto para a Euro 2012 foi lançado alguns dias depois da final da Copa desse ano. Informação errada, que infelizmente o pessoal não tem o esforço de pesquisar antes de postar. Esse projeto, feito pelo mesmo estúdio portugues que fez o logo da Euro 2004, Brandia Central, foi lançado em dezembro de 2009. Infelizmente até hoje não consegui escrever sobre ele (com outros) e não será hoje que farei isso. Mas faço questão de deixar aqui pois é um design com uma execução sensacional. Vejam:

Esse aqui é o video de lançamento:

TCC Karina Campana e Cairê Uchôa

Karina Campanha é uma designer de São Paulo que, ao se formar em Design, fez, junto com seu amigo Cairê Uchôa, um TCC onde propunha um logo e uma identidade visual para a Copa 2014. Um trabalho fantástico. Lembra ali em cima quando cito o uso dos espaços em branco? Veja o que Karina e Cairê fazem com ele. Claro conhecimento e dominio das lei da Gestalt. E mesmo que não tenham pensado nisso, mostra que são dois (então) estudantes que tinham percepção e técnica para projetos de marcas. Não a toa que hoje a Karina é designer no escritório Sebastiany. Veja:

Mostrei esses outros designs feitos por alguns motivos: para que vejamos que se pode ter um logo com mãos que se entrelaçam e que formam uma taça sim, mas com uma execução digna;  que se pode ter um ótimo projeto de design de logo, mesmo sendo feito por um recém formado; que quem entende, entende e faz bem feito; que quem não sabe fazer algo não deveria faze-lo, mas pelo contrário, procurar quem sabe; que projetos dessa envergadura sofrem críticas de qualquer maneira; mas que isso não é desculpa para se fazer qualquer coisa; que logos ruins, mal feitos, mal resolvidos, com pessimos conceitos e horríveis desenhos também são feitos além das fronteiras do Brasil; que ótimos logos, bem feitos e acabados, com conceitos fortíssimos, tipografia exclusiva, desenhos marcantes e execuções perfeitas também são feitos no Brasil; que quem faz publicidade deve se concentrar nisso, quem canta deve se concentrar nisso, quem escreve deve se concentrar nisso e quem faz design deve se concentrar nisso; de que sim, poderíamos ter tido um logotipo que fizesse jus ao Design pulsante que existe no Brasil, que, mesmo com todos os problemas, está formando designers de nível internacional; que, claro, iriam sacanear o Brasil por conta do logo; e, principalmente, que poderíamos haver mais ética, mais humildade.

Muitos dizem que não existe como fazer design de fato dentro de agências de publicidade ou, como gostam de falar, “360”. Concordo com isso. Contudo, temos ótimos exemplos mundo afora de agências que não centralizam tudo numa única equipe vinda, principalmente, da propaganda, mas que consegue AGENCIAR profissionais de diversas especialidades e montar equipes multidiciplinares, cada uma com seu espaço, seu peso, com respeito a todos os profissionais, jobs, espaços, prazos e métodos: dois exemplos rápidos:

1 – O design do logo da candidatura para sede das Copas de 2018 ou 2022 de Portugual e Espanha foi feito pelo escritório de Design e Arquitetura da Euro RSCG de Portugal. Além da divisão de Publicidade, Design e Arquitetura e eventos existem outras três;

2 – Design de marca para Abu Dhabi feito pela consultoria de branding RE, que é da M&CSaatchi.

Ok que são duas gigantes da comunicação e propaganda mundial, mas a Africa fica muito longe delas? De jeito nenhum! O Grupo ABC é 20º maior grupo de publicidade do mundo e dono de várias empresas especializadas que vão desde eventos e marketing esportivo até propaganda. O que impede de se ter uma consultoria em branding? Qual o problema disso?

Agora, nos resta esperar os materiais que serão desenvolvidos. Quem sabe isso não nos salva (como aconteceu com os EUA).

Mas e você, o que acham disso tudo?

PARTE 2: OS NEGÓCIOS ALÉM DO DESIGN

Talvez o grande trunfo do LOGOBR seja sua obstinação pela informação. Somente comentar sobre o logotipo seria pouco diante de tudo o que permeou essa história. O que vou falar agora é sobre informações que levantei na web. Não são coisas inventadas por mim ou por este blog, tampouco acusações a alguém. São fatos compilados e mostrados. Algo que qualquer um com o Google na mão pode ver. Meu objetivo: nos fazer pensar.

Abri esse artigo com a fala de Nizan quando chegou na solenidade onde foi lançado o logotipo da Copa 2014. Mas, voltemos um pouco nessa história. O que vocês lerão a seguir é a nota oficial da FIFA sobre o processo que resultou nesse logotipo.

Desde o primeiro segundo começam os momentos finais dramáticos; cada Copa do Mundo FIFA é resumida por sua identidade específica, uma única imagem que é projetada no mundo todo.

Um componente essencial dessa imagem é o Emblema Oficial que forma a base da identidade do evento. Para todos aqueles envolvidos com a competição até o momento de seu lançamento trata-se de uma referência única. Desde os fãs até os afiliados comerciais e cada pedaço da negociação do evento, esse emblema simboliza a associação com o evento principal de futebol e continua depois que já tenha acabado dentro do banco de memórias de cada pessoa envolvida nisto. Especialmente do país vencedor.

A função do Emblema Oficial é em fornecer uma representação forte e visual tanto para o evento e para o país que recebe o evento. Efetuar o design disto pode ser uma tarefa desafiadora. Como foi a situação inicial sobre a Copa do Mundo FIFA de 2014 quando a FIFA e o Comitê Organizador Brasileiro tiveram que analisar como configurar um país tão colorido e vibrante como o Brasil – um país com uma herança rica de cultura tradicional e ainda que está emergindo rapidamente como uma das economias mais influentes e modernas do mundo.

Para projetar essas dimensões similares – A modernidade e diversidade Brasileiras – A FIFA e a Comissão Organizadora do Brasil convidaram 25 agências no Brasil para enviar designs para o Emblema Oficial da competição de 2014. Mais de 125 idéias com emblemas foram recebidas na época do fechamento da data da competição e foram então revisados pela FIFA e pelo Comitê Organizador Brasileiro; portanto reduzidos a uma lista pequena de designs.

A tarefa de escolher o ganhador foi dada por um grupo de sete juízes altamente capacitados, selecionados pelo país organizador da Copa. Isso inclui uma das figuras mais influentes e modernas da arquitetura Brasileira, Oscar Niemeyer, o designer Hans Donner, a topmodel Gisele Bündchen, o autor Paulo Coelho, a cantor e atriz Ivete Sangalo assim como duas figuras importantes do futebol mundial, Ricardo Teixeira (Presidente da Federação Brasileira de Futebol e presidente do Comitê Organizador Brasileiro) e Jerome Valcke (Secretário Geral da FIFA).

Foi pedido aos juízes que classificassem os designs dando notas para um número de áreas. Assim como sua impressão geral, foi pedido a eles que avaliassem como isso transmitiria o espírito do Brasil e a ligação do país com a Copa do Mundo assim como avaliar a criatividade, mérito artístico e singularidade.

Quando o processo de julgamento terminou, todos os pontos foram somados e o design ganhador foi revelado: “Inspiração”, criado pela agência de design Brasileira, África.

A inspiração para este design vem da foto ícone de três mãos vitoriosas que trabalharam juntas para levantar o troféu mais famoso do mundo. Bem como descrever o uplifting da noção humanitária da interligação, a representação das mãos é o símbolo do verde e o amarelo do Brasil com as boas-vindas calorosas ao mundo para a costa brasileira.

A vitória e a união são os dois elementos chave que são, através das mãos, destacados no design. Embora a formação de uma ligação clara com as cores da bandeira nacional brasileira, as cores verde e amarelo também aludem a duas das mais fortes características da vida no Brasil – o dourado das praias e do sol refletiu no tom amarelo, com o verde que representa o interior tropical forte pelo que o Brasil é tão famoso. A combinação da forte imagem, a tipografia contemporânea e as cores impressionantes são extremamente eficazes em retratar uma nação moderna e diversificada. A representação viva do troféu do emblema é extremamente apropriada, tendo em conta as realizações proeminentes do Brasil sobre ter ganhado a Copa do Mundo em cinco ocasiões diferentes, mais do que qualquer outra nação.

A mensagem que fica clara é que a partir deste emblema é a idéia do vínculo exclusivo entre a FIFA, a Copa do Mundo FIFA e o Brasil, o país anfitrião da Copa do Mundo de 2014.

Tradução por Bárbara Silva. Texto original publicado no site oficial da Copa do Mundo FIFA 2014.

PS#1: não, você não leu errado e nem a Bárbara traduziu errado. A Africa foi mesmo classificado no artigo como “agência de design”.

PS#2: Vejam só: 25 agências enviaram mais de 125 propostas de logotipos. Isso dá mais de 5 propóstas por agência. Eles sabiam mesmo o que estavam fazendo…

PS#3: “altamente capacitados”? Não duvido disso, mas cada um no seu quadrado, certo? Seria Alexandre Wollner altamente capacitado para discutir como organizar a Copa com o sr. Jerome Valcke?

Isso aí é o que a FIFA (e com certeza a CBF também) conta sobre o processo de seleção do logotipo. Mas não foi o que apurou a imprensa brasileira e o que apurou este pequeno blog.

Em 11 de junho de 2010, o LOGOBR publicou um artigo sobre o então possível logotipo para a Copa de 2014. Segundo o que foi apurado pela imprensa e pelo LOGOBR, a FIFA tinha um acordo com a ADG. Essa, por sua vez, indicou os melhores escritórios de design do País para que enviassem sua proposta a FIFA. A ADG iria coordenar todo o processo. Após o envio das propóstas, a FIFA simplesmente disse que ninguém tinha tido atendido ao briefing (por questões que não posso revelar, infelizmente, mas que não foram técnicas), então se reservava no direito de fazer outro processo. A partir daí, nem ADG nem os escritórios de design ficaram mais sabendo do que rolava sobre o processo.

No texto oficial da FIFA, alguém viu alguma menção a ADG ou a esse processo cancelado? O que nos dá a entender ali é que esse “problema” com os escritórios brasileiros de marcas nem existiu.

A FIFA diz que convidou 25 agências para participar não é? Pois bem, um amigo meu, jornalista num grande veículo, me assegurou que grandes agências de São Paulo não participaram dessa tal concorrência. Lhe falei sobre o contrato de sigilo que a FIFA impoe sobre os participantes, mas ele me garantiu que sua fontes são confiáveis e que, de fato, agências ganhadoras de Cannes e com faturamentos milionários (ou seja, grandes agências) não participaram da tal concorrência. O próprio Marcelo Serpa disse que “adoraria ter participado” em seu Twitter.

Então, a África entra na jogada

A África é uma agência (de propaganda!) muito jovem mas que já está entre as melhores do Brasil. Fundada por Nizan Guanaes em 2002, ela já nasceu sendo parte do então recém fundado Grupo ABC, que hoje é um dos 20 maiores grupos de publicidade do mundo. Um Grupo com um “portifólio de empresas” completo. E com muito clientes. Grandes clientes.

Desviando o assunto um pouquinho, você sabe quem são os patrocinadores oficiais da seleção? No (péssimo e horrível) site da CBF, no rodapé, tem um marquee com as empresas. São elas: Vivo, Itaú, Nike, Guaraná Antarctica, Nestlé, Volkswagen, Seara, Gillete, Extra e Tam.

Pois bem. Um designer que trabalhou num dos projetos que a FIFA jogou pro alto disse ao iG que “(…) O que se sabe é que a Fifa e a CBF procuraram agências de publicidade que já trabalharam com elas ou com seus patrocinadores”. Confesso que isso me deixou bem intrigado, então fui eu dar uma pesquisa na web. O que encontrei é, no mínimo, intrigante:

Vivo é cliente da África;

O Itaú da Sunset, da DM9DDB e da África;

Guaraná Antarctica é cliente da DM9DDB e da B/Ferraz, Brahma da África e da ReUnion e a Ambev (Holding) é da Ludocca.MPM e da ReUnion;

A Nestlé é cliente da Brasil1 e da Tudo (em Minas);

A Volkswagen é cliente da ReUnion;

Seara é cliente da África;

Gillete é cliente da NewStyle e ReUnion, a Procter & Gamble (Holding) é cliente da África;

Extra é cliente da ReUnion, PontoFrio (pertencente a mesma Holding) da DM9DDB;

E a Tam e a Nike também são clientes da ReUnion.

O que me deixou intrigado? É que Africa, DM9DDB, Brasil1, B/Ferraz, ReUinion, Ludocca.MPM, Tudo e NewStyle, coincidentemente, são empresas do Grupo ABC.

Dai eu me pego pensando: seria boato mesmo essa história da FIFA e CBF terem levado o logotipo para a agência de seus patrocinadores? (Itaú, Brahma e Seara estão entre os patrocinadores da próxima Copa.)

E vocês, o que pensam a respeito?