Aloha!
Fundada em 1895 na Inglaterra por Joseph William Foster, sob o nome de J.W. Foster & Sons, a Reebok tornou-se uma das marcas mundiais para calçados e artigos para prática de esportes. Foi um dos grandes players do mercado de calçados esportivos durante os efervecentes anos 1980, antecipando tendências do mercado, como os exercícios aeróbicos, e com produtos icônicos como o tênis Reebok Freeslyte (hoje vendido com Reebok Classic). Até dois anos atrás era a fornecedora de materiais para os times da NFL, um dos contratos mais cobiçados do mundo (hoje nas mãos da Nike), e até 2007 na NBA, depois substituida pela Adidas.
Vivendo das glórias do passado e amargando prejuízos, em 2005 foi comprada pela Adidas AG em um dos inúmeros movimentos da gigante alemã em busca de se tornar a maior do mundo. Em 2011, assinou um contrato com o movimento CrossFit e, desde então vem produzindo produtos para aeróbica e fitness sob a marca Reebok Crossfit e fazendo uso do “delta logo”.
Com o relativo sucesso dessa divisão, a Adidas AG resolveu mudar de vez os rumos da Reebok: a marca deixará outros esportes como atletismo, basquete e até o futebol, e terá 100% de foco no mercado fitness, se voltando ao mercado que elevou a marca à internacionalização. Com isso, a adoção do “delta logo” como símbolo central da marca era um movimento quase certo.
Segundo Matt O’Toole, gerente global de marca da Reebok, foi escolhido um delta para simbolizar os três atributos da marca:
Este é o nosso símbolo para a mudança. O delta tem três partes distintas, representando cada uma das mudanças positivas que as pessoas podem experimentar: as mudanças físicas, mentais e sociais (…) a nova marca representa um propósito definido e servirá de inspiração para aqueles que buscam uma vida mais plena por meio de exercícios físicos.
• Video de lançamento do novo logo •
• Belíssima aplicação na fachada da loja •
http://www.youtube.com/watch?v=xydR7A6EP7U
• Miranda Kerr no primeiro comercial assinado pelo novo logo •
O design
De 1980 pra cá, a Reebok sofreu diversas mudanças em seu logo em períodos extremamente curtos. Com as idas e vindas de alguns do símbolos mais usados, a impressão que se tinha era de que marca não tinha um direção firme para si, ou que estava sendo submetida ao acaso da troca desenfreada de símbolos e identificadores por razões não-estratégicas.
Desde 2005/6, quando foi comprada pela Adidas AG, ela teve um pouco de paz, que foi interrompido em 2008 com a adoção do (na época) tão criticado lettering. E agora, seis anos depois, se adota um novo símbolo para marca. Ou seja: temos a construção de uma nova identidade, propositalmente ou não, praticamento do zero, num período de seis anos. Sem mudanças brutais, sem grandes transgessões. Assim, tudo fica mais fácil de ser digerido, tanto pelo público interno como o externo.
Apesar da tradição do lettering dos anos 80, da bandeira britânica e dos outros símbolos usados pela Reebok, continuar renovando a cara da marca é um bom movimento, visto que é uma empresa com novo posicionamento e que, mesmo com foco voltado para o mesmo mercado que ajudou a criar na década de 1980, entende que hoje o perfil do público é diferente, a dinâmica do mercado é diferente, os players são outros.
Usar dos atributos que a fizeram grande, mas numa cara diferente.
• Créditos: Brademia •
A estratégia
Desde que me entendo por gente, conheço a Reebok. Foi uma grande marca, a ponto de brigar com Adidas e Nike. Houve uma época da minha pré-adolescência que tudo o que eu queria de aniversário era um tênis de basquete da Reebok. Mas isso foi há um bom tempo.
Em 2014, a história é aquela de sempre do capitalismo moderno: marcas que outrora foram gigantes, entram em um período de acomodação, definham na inovação, conhecem os prejuízos e acabam sendo compradas por concorrentes.
Nesse caso, a Adidas foi mais inteligente com a marca Reebok do que a Nike foi com a Umbro: ou invés de depenar o prestígio da marca comprada, tirar todos seus mais talentosos designers e outros funcionários, clubes e seleções patrocinadas e depois vender a marca por uma mixaria (que foi o que a Nike fez), a Adidas usa do prestígio e DNA já presente na marca Reebok para atacar com força total um mercado que Nike, Puma, Fila, Mizuno e nem a própria Adidas fazem tanta questão: fitness, aeróbica, yoga, dança, treino (academia) e outdoor sports.
• Um pouco do que a Reebok irá vender •
A Reebok já tem tradição nesse mercado por conta de seus produtos e marketing na década de 80. Muito inteligente por parte da Adidas AG em continuar a usar essa marca e seu posicionamento para ser líder também no mercado fitness.
Já que a marca está focada em fitness e tem um contrato com o movimento CrossFit, por que continuar dando murro em ponta de faca, atuando em outros esportes e dando prejuizos, se a pequena divisão CrossFit está indo bem? Alguém dentro da Adidas AG teve a grande ideia: vamos deixar essa marca somente em fitness de uma vez por todas, aproveitando os atributos já existentes e adotar o símbolo já usado.
Ponto para a Adidas AG.