Tecnologia… para que serve?

Por Luis Alt

2 de abril de 2013

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Hoje conecto na EISE um módulo chamado Tech Trends. Se olharmos a definição pura e crua do termo, tudo indicaria que passearíamos durante as 8 horas de duração do curso por novas tendências tecnológicas, quem ou que empresa está por trás de cada uma delas e como fazer para entender o que acontecerá graças a ela (talvez quais novas tecnologias poderiam surgir ou comportamentos alterados graças a essas novidades).

Eu entendo que é realmente difícil pensar nos dias de hoje em ‘tecnologia’ sem que não nos venha a mente um telefone celular com tela touch ou um óculos com câmera (o famoso e tão esperado Google Glass). Associamos as tecnologias aos aparelhos que são lançados por grandes marcas no mundo e nos surpreendemos com o que elas são capazes de fazer. Mas aí é que está o ponto não tão óbvio… tecnologias auxiliam como meios e não necessariamente deveriam ser um fim por si só.


• Ponto de auto-atendimento em um supermercado Target •

A dizer bem a verdade, convivemos com tecnologias desde que o homem inventou seus instrumentos de caça e pesca, o fogo e a locomoção. Desde que o homem descobriu que precisava se cobrir do frio ou buscar abrigo ao calor. A verdade é que antes mesmo do homem, tecnologias estão disponíveis por todas partes na natureza. Alguns podem até dizer que tecnologia tem a ver com o que o homem cria, porém para mim essa é só uma maneira pouco inspiradora de olhar para o assunto.

A origem do termo vem do grego tekhnologia que tem algo a ver com tratamento sistemático, método, conhecimento técnico sobre algo, que por sua vez provêm da palavra tekhnē que significa ‘arte&ofício’ + logia que é o estudo de algo. No caso, estudo da ‘arte&ofício’ (arts&crafts). Ou seja, uma tecnologia é criada para sistematizar e/ou nos ajudar a realizar determinada função. Utilizamos tecnologias para nos auxiliar, para facilitar, para melhorar as nossas vidas, mas ela, por si só, não é o objetivo e sim apenas um elemento habilitador.

Quando você olha para um celular, você deveria imaginá-lo como um meio de o ajudar a fazer algo, e não apenas como um monte de processadores ultra-modernos, telas de toque com alta definição, sistema de armazenagem em flash e assim por diante. Esses são apenas alguns dos indícios de como esse elemento poderia ajudar você. Mas a verdade é que isso também não quer dizer nada. O que procuramos visualizar em nosso módulo, mais do que novas tecnologias, são as funções por trás de várias dessas tecnologias existentes e disponíveis atualmente e como produtos ou serviços se organizam para satisfazer essas necessidades atualmente.


• Sistema de informação em concessionária Mercedes-Benz •

Imagine uma pessoa em uma loja. O que ela precisa fazer para conseguir comprar o que deseja? Entre outras coisas ela precisa ver preços, comparar modelos, buscar informações, experimentar algo que a tenha interessado, pagar e ir embora com o que veio procurando. Agora imagine as diferentes tecnologias que existem para cada uma dessas funções. Preços podem estar em etiquetas, gôndolas, colados no produto ou até mesmo serem apenas consultados em terminais. Poderia ser de outra maneira? Com certeza! Levar um produto embora pode ser feito diretamente pela pessoa através de uma sacola (que pode ser de plástico ou ‘ecológica’) ou até mesmo já ser despachado diretamente para minha casa. E por aí vai …

Nosso papel como designers de um novo mundo orientado a serviços é ajudar nossos usuários a navegar nessa complexidade, mantendo o nosso foco nas funções e não nas tecnologias utilizadas para supri-las. E deixa eu falar uma coisa pra vocês, não é tarefa fácil. Precisamos manter em mente que as tecnologias são habilitadoras e cabe a nós, como especialistas, orquestrá-las da melhor maneira possível. Esse é o nosso papel!

Por isso, da próxima vez que você estiver projetando algo, não fique preso ao ‘aplicativo x’ ou ao ‘totem y’, pois essa não é a razão de existir do seu projeto. As tecnologias estão em constante evolução, enquanto as necessidades das pessoas seguem, em grande parte, as mesmas. O que você deve se perguntar realmente é porque determinada novidade  merece aparecer na jornada do usuário, qual a sua função e como ela será útil. Questione sempre … Para que serve?